Alemão dado como morto há décadas ao tentar saltar o Muro de Berlim, para escapar da Alemanha comunista, só agora viu regularizada a sua situação.
O alemão René Seiptius veste jeans, usa um "rabo de cavalo" e trabalha como camionista em Mainz, onde nasceram e cresceram os seus três filhos. Mas o seu nome continua a figurar na lista oficial das vítimas mortais do Muro de Berlim. "Eu mesmo não consigo explicar", declarou Seiptius ao jornal alemão "Bild Zeitung".
Segundo o jornal "El País", é verdade que a 7 de agosto de 1981 Seiptius participou numa tentativa de fuga da alemanha comunista. Na altura tinha 17 anos, vivia em Leipzig e preparou um plano com os amigos. Lograram atravessar a primeira barreira de segurança e evitar um campo minado, mas na segunda barreira foram detetados e uma metralhadora fez fogo sobre eles. Seiptius foi ferido com gravidade, o seu amigo Paul Andre Bauer, de 18 anos, acabou morto e o outro companheiro, embora não tenha sido atingido, foi imediatamente detido.
Depois de passar pelo hospital e ter estado um mês na prisão, Seiptius acabou por regressar a casa, mas na Alemanha Ocidental foi registado como tendo falecido durante a fuga e desde então ninguém corrigiu o erro.
Seiptius ainda tentou uma segunda fuga, apenas um ano depois, e pagou a sua ousadia com uma pena de prisão de um ano e meio, em Cottbus, de onde saiu em 1988. Pouco tempo depois caía o Muro de Berlim e Seiptius passou imediatamente para o lado ocidental. Viveu em Giessen, em Essen e em Ingelheim, sem fazer ideia de que, durante décadas, o seu nome constava na lista de falecidos e recebia as correspondentes homenagens a cada aniversário da queda do muro.
Foi por acaso que a sua mulher, Patricia, descobriu o erro. "Estava a procurar algo na Internet quando dei com um artigo sobre o Muro de Berlim onde aparecia o nome de René. Estavam a contar a sua história e davam-no como morto numa fuga", disse.
Mais tarde, Patricia e Seiptius dirigiram-se ao centro de documentação do Museu Checkpoint Charlie e deram conta do sucedido. Corrigido o erro administrativo, a diretora do centro, Alexandra Hildebrandt, afirmou que "estamos muito contentes que René esteja vivo", assegurando que "o seu nome foi eliminado da lista das vítimas e agora teremos todo o prazer em convidá-lo pessoalmente para as próximas cerimónias de aniversário".
Jovem com sete gramas de álcool no sangue - Última Hora - Correio da Manhã
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