Para chegar até ao cativeiro, o primeiro andar de uma vivenda no bairro Itararé, a polícia teve que subir ao telhado e abrir um buraco. A porta que dá acesso do andar de baixo ao de cima não tinha chave e tinha sido bloqueada, ainda não se sabe por quem, impedindo o acesso entre os dois pisos.
Claudemara Tolotti, uma das assistentes sociais que acompanharam a força policial na libertação da idosa depois de denúncias de vizinhos, ficou estarrecida com o que viu. A parte da casa onde a idosa era mantida trancada parecia uma lixeira, com sujidade e detritos por todo o lado, sem qualquer tipo de arejamento ou condições mínimas de salubridade.
Nem a casa de banho podia ser usada, pois a sanita estava entupida com lixo, que também se amontoava em redor. Em nenhum local foi encontrado qualquer tipo de alimento, parecendo que a senhora, que não consegue dizer há quanto tempo estava trancada, sobrevivia à base de água e do próprio lixo que havia no cativeiro.
Além de outros problemas físicos e de um estado de desnutrição indescritível, a idosa aparentava desnorteamento mental. Não se sabe ainda se por realmente ter algum problema nessa área, ou se a sua confusão mental foi provocada pelo longo tempo sem alimento e sem cuidados.
Segundo a polícia, a rapariga apossara-se do cartão com que a mãe adoptiva recebia a reforma e ia ela mesmo recebê-la, alegando que a idosa estava enferma. Depois, conta a polícia, gastava o dinheiro todo em roupas para ela e para as amigas e a divertir-se.
A criança foi levada para um abrigo de menores e aí permanecerá até que a justiça decida o seu futuro, mas dificilmente sofrerá alguma condenação, pois, por ter menos de 12 anos, nem pode ser enviada para um reformatório. A idosa, que foi encaminhada para um hospital, recusa-se a criticar a rapariga, desculpando-a com a alegação da pouca idade.
Criança mantinha idosa enclausurada para roubar reforma - Última Hora - Correio da Manhã
Sem comentários:
Enviar um comentário